quarta-feira, 13 de junho de 2012

Devia ter complicado menos

Depois de uma temporada de chuvas em São Paulo, ontem e hoje pairou um nevoeiro intenso sobre a cidade. Segundo o IAG - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP - o nevoeiro de ontem foi de nível 1, ou seja, com visibilidade entre 50 a 100 metros.



O fato numa cidade como São Paulo, que não para nunca, obviamente causou um transtorno considerável, especialmente no principal aeroporto da cidade, que chegou a ser fechado por duas vezes ao longo do dia em função da baixíssima visibilidade. Resultado: voos cancelados, atrasos e muito stress.



Foi destaque nos jornais a espera interminável dos passageiros nos terminais de embarque do aeroporto de Congonhas, todos com seus compromissos marcados em outras cidades do país... todos sem conseguir cumpri-los...

Estive na última semana no aeroporto de Congonhas e pude observar o movimento constante de pessoas nos terminais, todos sempre correndo, com pressa, falando ao celular, comendo um lanche rápido para não comprometer seus horários.

Na verdade, essa pressa me chamou imensa atenção diante do número de vezes que me esbarraram nos corredores do aeroporto. Normalmente, quando esbarramos em alguém, imediatamente tratamos de nos desculpar. Neste dia que estive no aeroporto levei bolsadas, pancadas de malas com suas rodinhas, cotoveladas, e ninguém, absolutamente ninguém, se desculpou comigo.

Veja, isso não é uma reclamação. É uma constatação do quanto as pessoas no seu vaivém podem deixar de observar seu próximo. Em nenhum momento me senti desrespeitada, até porque sendo paulistana consigo 'compreender' a ausência de educação dos meus próximos nesses momentos de correria. Mas me impressionou bastante como nós, acostumados com horários apertados, com n compromissos marcados ao longo do dia, tendo que enfrentar trânsito caótico, violência na cidade, podemos simplesmente ignorar a pessoa que está ao nosso lado.


E é interessante ter constatado isso no aeroporto de Congonhas, especialmente diante da construção do memorial em homenagem às vítimas do voo da Tam.


Em 17 de julho deste ano o acidente que causou a morte de 199 pessoas completará 5 anos. Diante disso, neste mesmo dia será inaugurado o memorial  às vítimas do voo JJ3057 no local onde ficava o prédio da empresa que foi atingido pelo avião. 




Além do memorial, o local terá uma amoreira, a qual foi encontrada em meio aos escombros. A árvore simbolizará a sobrevivência e esperança dos familiares das vítimas.




Além disso, ao anoitecer serão acessos 199 focos de luz, cada um representando uma vítima do acidente.




O local será de reflexão, paz e tranqüilidade, curiosamente em frente a um dos aeroportos mais movimentados do Brasil. Isso me faz pensar: será que existe condições de sermos reflexivos mesmo em meio à vida agitada?


Talvez o memorial consiga unir as pessoas... consiga mostrar que em apenas um minuto os nossos compromissos e obrigações podem não ter mais importância. Que vale mais vivermos bem cada minuto do que só pensarmos em descansar no futuro, quando nos aposentarmos, quando entrar aquela grana, quando encontrarmos alguém especial.


Todos vivem na correria, inclusive eu. Tem dias que não dá nem para ter um almoço tranquilo. Isso é fato! É realidade especialmente de quem vive em cidades grandes, pólos da economia e política.


Mas essa desproporção entre agitação e reflexão, como é o caso de Congonhas e seu Memorial talvez traga mais do que uma homenagem às vítimas da Tam: traga valorização à vida de cada um de nós. Valorização esta que antes de mais nada, deve partir de nós mesmos.




Mais informações: 
http://www.dca.iag.usp.br/www/graduacao.php
http://www.aeroportocongonhas.net/noticias/aeroporto/memorial-as-vitimas-do-acidente-da-tam-deve-ficar-pronta-em-julho

Música que cede título ao post: "Epitáfio" - Titãs



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