terça-feira, 5 de junho de 2012

Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos

Gosto das letras do Roberto Carlos que tratam de ecologia. A música que cede título a este post, “As Baleias”, é uma das mais lindas. Mas a canção “O Ano Passado” traz um trecho que mexe especialmente comigo: “Quem sabe um museu no futuro vai guardar em lugar seguro um pouco de ar puro, relíquia do ano passado”.


O Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia é comemorado hoje, 05 de junho. São diversas as celebrações, mas o foco principal da existência deste dia é chamar a atenção política para todos os problemas que o mundo atualmente enfrenta e que podem se tornar ainda mais graves, afetando consideravelmente a população em seu futuro se não houver conscientização e adoção de providências urgentes.

Campanhas alertando para o planeta em perigo têm sido cada vez mais frequentes, vinculando, inclusive, o meio ambiente à modernidade, para que seja possível uma análise da vida atual sobre os recursos disponíveis no mundo. A sustentabilidade se tornou tendência.

Grandes marcas globais levantaram a bandeira da sustentabilidade. Preservar é tudo! Até porque os consumidores têm sido levados a consumir produtos e adotar serviços que prezem pela preservação do planeta.


A Rede Globo, maior emissora televisiva do Brasil, está promovendo o programa "SP+Limpa", cedendo grande espaço em sua programação para tratar do tema na cidade de São Paulo. Mais informações encontram-se na página oficial da rede: www.globouniversidade.com.br

A importância desse tema, entretanto, possui precedentes. Ainda que o grande boom da sustentabilidade do planeta tenha ocorrido nos últimos tempos, há muito já se buscava essa interação entre população e natureza. Exemplo disso foi a Eco92 ocorrida em nosso país. Antes disso, nos anos 80 o conceito de biodiversidade já adquiria destaque. Prova é a música do início do post, “O Ano Passado”, ser uma composição de 1989.

O destaque agora é para A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, chamada, ainda, de Rio+20, diante dos 20 anos passados desde a Rio92. Tal conferência buscará renovar o compromisso entre os países em buscar o desenvolvimento sustentável, avaliando o progresso havido até então, bem como o que ainda necessita de reformulação e aplicação urgente sobre o assunto.

Os dois temas principais estão destacados no site oficial da conferência, www.rio20.gov.br: - A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e – A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

Dois temas super vastos para discussão, considerei bastante importante destacar a chamada Green Economy, ou 'Economia Verde', cujo conceito concentra-se principalmente na intersecção entre o meio ambiente e a economia.

Em razão disso, em paralelo ao Rio+20, ocorrerá o evento Rio+20 Fórum Empresarial, que objetivará a troca de experiências entre países sobre a gestão responsável e práticas sustentáveis para empresas e escritórios, públicos ou privados. Dentro deste objetivo, a Economia Verde e Inclusiva propõe uma transformação na maneira de observar o crescimento econômico e o desenvolvimento, conciliando desenvolvimento econômico com compromisso socioambiental. Neste conceito, serão também debatidos os novos Green Jobs.



É absolutamente incrível deparar-se com esta realidade atual! Conforme publicado no The Economist, as Nações Unidas pediram que 2% do PIB mundial seja investido na Economia Verde, uma decisão que ela considera ser capaz de estimular a criação de empregos e crescimento econômico.

Mais incrível ainda é lembrar que o Brasil é identificado como um dos nove países-chave para a sustentabilidade do planeta, já considerado uma super potência ambiental!

A população mundial tem sido chamada para fazer a sua parte na preservação do meio ambiente. No Brasil, o tema reciclagem ganhou título didático nas escolas e tem produzido bons resultados. A nova geração não admite que em casa os pais e mães não pratiquem a reciclagem. A educação está vindo desde cedo, para mudar um costume no desperdício há muito sedimentado na vida comum. E isso tem tido um resultado tão positivo que mesmo os mais velhos, que não cresceram sob esta educação ecológica, têm mudado seus hábitos de vida em prol do meio ambiente.

Outro dia ofereci um chiclete para uma amiga no carro, que após consumi-lo, guardou a embalagem consigo. Alguns minutos depois, um carro passou por nós e arremessou uma lata de refrigerante pela janela. Ao se deparar com aquela cena, a indignação esboçada por esta minha amiga foi tão grande que mobilizou a todos que estavam no carro. Especialmente pelo peso da sua frase, ao afirmar que estava segurando há algum tempo nas mãos a embalagem de chiclete para não jogar na rua, já que naquele dia estávamos sem o lixinho do carro, e que um motorista como aquele, seu semelhante na luta pela preservação ambiental, tomava tal atitude vergonhosa.

Outro tema atual ferozmente defendido é o ciclismo, que destaca o direito dos ciclistas em dividir o mesmo espaço dos carros, sendo devidamente respeitados por isso.

Existiu um marketing muito grande destacando a necessidade de adoção de medidas verdes, não poluidoras, para que a população utilizasse como condução diária. E a bicicleta ganhou neste contexto uma importância fundamental. O direito dos ciclistas hoje é discutido nos telejornais. E a bicicleta, que parecia esquecida na infância ou utilizada pela população do interior, se integrou à paisagem de uma cidade como São Paulo. O objetivo é que a cidade que não para se torne uma Bike Friendly nos próximos 5 a 10 anos.

Ontem em São Paulo foi notícia a distribuição de bicicletas de bambu a partir do dia 31 de maio para os estudantes do CEU – Centro Educacional Unificado -, como meio de locomoção da casa para a escola. 

A mobilização neste sentido é tão grande que até mesmo as rotas pelas quais ocorrerá o deslocamento dos alunos estão sendo chanceladas pela Companhia de Engenharia de Tráfego – CET -, de forma a assegurar um deslocamento mais seguro aos alunos. As rotas não passarão por avenidas com tráfego de ônibus ou veículos pesados e todo o estudo com relação aos caminhos que serão percorridos possui um caráter tão sério, que cicloativistas testaram os locais, enviando relatório a respeito para a CET. Agora, esta companhia irá realizar uma série de intervenções no trânsito local, sinalizando o solo, aumentando o tempo semafórico e instalando redutores de velocidade. Tudo em razão do projeto que prima pela sustentabilidade.


Numa cidade como São Paulo, nos impressiona a mobilização do Poder Público em casos como esse, em que existe a alteração do modo de operação da população para priorizar a preservação ambiental.

Só não se pode esquecer que todos esses incentivos são muito louváveis, mas para um bom resultado é fundamental a população se conscientizar que faz parte desta obrigação em preservar o meio ambiente.

Digo isso, pois costumo rodar muito pela cidade, nem sempre em locais nobres onde o caminhão de lixo da Prefeitura recolhe os detritos diariamente e o que observo é um certo descaso da população em fazer sua parte (aliás, como foi o caso do motorista que arremessou a latinha de refrigerante pela janela do automóvel). Os lixos ficam jogados a céu aberto, mesmo com a ciência dos moradores daquelas áreas de que o caminhão de lixo passará somente dali a dois dias.

Assistimos reportagens de lixões atrás de hospitais, com a população se queixando de que a Prefeitura não limpa aquele local, apesar do altíssimo índice de contaminação. Entretanto, pouco depois somos informados de que ali não é local de recolhimento de lixo; ou seja, a própria população passou a descartar seu lixo ali...

De quem é a culpa?

Neste contexto, também é recente a notícia de que o sofá (!) é o símbolo do descarte indiscriminado de lixo nas cidades. Goiânia chegou a recolher mais de 400 sofás somente no mês de março. Uma cidade do interior de São Paulo chamada São Manuel recolheu 250 sofás em apenas cinco dias de coleta...

O descarte irregular de lixo é crime ambiental, e a edição “Planeta Sustentável” da Editora Abril destacou também na data de ontem a aprovação pela Prefeitura de lei que multará infrator em 12 mil reais por jogar entulho acima de 50 quilos em calçadas ou demais áreas públicas. Somente em São Paulo existem 1500 pontos de descarte irregular de lixo,segundo a Prefeitura, apesar dos Ecopontos, locais destinados para o descarte de entulho, incluindo móveis velhos, galhos de poda e recicláveis. Até porque o número de Ecopontos para uma cidade como São Paulo ainda é muito pequeno, impossível de atender toda a população.

Todas são medidas necessárias que visam a preservação ambiental. Relatei fatos corriqueiros, do nosso dia a dia, que analisados a fundo, percebemos que possuem ligação direta com o debate proposto pelo Rio+20. A população e o governo estão de mãos dadas na questão ambiental, formando um único corpo. Afinal, lixo e geração de resíduos é um assunto que vincula todos nós.

Falar de meio ambiente exige uma reciclagem de ideias, pois quando se fala em preservação da natureza, todos os detalhes são importantes. Isto justifica a extensão deste post.

Mas acredito que o resumo de tudo isso se dê pela sábia frase de Martín Luther King: "Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore". 

 (Arquivo pessoal)
(As demais fotos que compõe esta postagem tratam-se de imagens de divulgação)



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